Todo amor é ímpar

Sim, eu sei que você já disse pra alguém que nunca gostou de alguém como gosta/gostou de outro alguém. Eu também já disse. E até ontem eu achava que era isso mesmo: você se apaixonava profundamente por uma pessoa e ela seria pra sempre única, e o sentimento desenvolvido por ela também. E não é que essa visão esteja errada, até porquê não acho que exista alguma linha de "certo" e "errado" muito bem delimitada no campo do amor, mas, sim, que tudo é muito complexo.

Nós somos seres extremamente sensíveis – ao menos boa parte de nós – e isso nos proporciona uma gama gigantesca de sentimentos e sensações a respeito de outros seres como nós, e é aqui que eu quero chegar: em algum ponto da nossa trajetória por essa vidona aqui nós vamos nos apaixonar, mas provavelmente vamos nos "desapaixonar" também, e isso não quer dizer que a nossa vida amorosa acabará ali, naquele adeus, entende?

O mundo é bem grande e a nossa vida, com sorte, não será tão curta, então a possibilidade de encontrarmos de novo um outro amor é completamente real. E isso é incrível. E aí nós vamos descobrir que esse novo será diferente do antigo, o que não fará de um melhor, mais verdadeiro ou mais valioso que o outro, saca? É sobre isso que eu venho pensando tanto, a distinção entre um amor e outro. Somos todos muito diferentes e isso nos faz amar de mais de um jeito, mais de uma pessoa, mais de uma vez. Esse é um ciclo natural da nossa natureza tão humana e tão imperfeita.

Aquele seu primeiro amor da adolescência, o seu outro amor mais maduro, ou aquele amor que apareceu no auge da sua vida adulta, todos eles foram diferentes e importantes de alguma forma e vão sempre marcar a sua história, mesmo que hoje eles não façam mais parte da sua vida. Isso deixou tudo mais leve e compreensível pra mim. Ok, um pouquinho mais leve e compreensível, na real. Ainda preciso percorrer mais chão, com certeza, mas sinto que isso aqui foi um começo.

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Oi, você aí que leu até o fim... escrevi esse texto durante uma semana difícil, daquelas em que entro em confronto comigo mesma e saio sem saber se ganhei ou perdi, e aí surgiu esse texto. Daí mostrei pra uma amiga e falei da ideia de criar uma seção de "epifanias" aqui no blog, e aqui estamos. Vou seguir com esse espaço onde compartilho essas inspirações e lampejos de ideia que surgem em mim. Pois, como disse Clarice: "Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."

Até a próxima. :)