Quarentena, relacionamentos e porque Bauman faz tanto sentido
- Fabianna Lima
- 13 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de mai. de 2020
Queridx leitxr,
como tu está nesse (???) dia de quarentena?
Espero que melhor que no post anterior, ameno dori-me! (psiu, deixe nos comentários!) Mas, preciso alertar: o tema que escolhemos hoje é pesado.
Amor líquido.
Sim, dentro do contexto de modernidade líquida ‒ do sociólogo polônes Zygmunt Bauman. Aqui nós estamos falando sobre o conceito (pós moderno) de relacionamentos líquidos, onde as relações afetivas se dão por meio de laços momentâneos e volúveis, tornando-se superficiais e pouco seguras. E nós todxs estamos inseridxs aí, em maior ou menor grau, te digo como: você já baixou o tinder, ou qualquer outro aplicativo de relacionamentos, pra encontrar alguém de forma casual e rápida na internet? Ou seguiu alguém no instagram e despretensiosamente curtiu uma ou outra foto “apenas por flerte? E, ops, ainda se meteu em um webnamoro ‒ única opção em dias de isolamento social? Bom, eu, Fabianna, já. E grande parte da nossa disturbia geração z também.
E esses são só alguns exemplos de relações instantâneas e, em sua esmagadora maioria, efêmeras. Se já caminhavámos para esse rumo no início do século, quando Bauman publicou seu livro “Modernidade Líquida" (1999), imagine nas circunstâncias atuais onde o mundo inteiro se vê em estado de quarentena. Pois é, se relacionar com alguém pela internet nunca foi tão real. A carência é o principal fator atrativo para procurar alguém que supra, ao menos um pouco, nossa abstinência social, e emocional.

Ok, em algum momento eu precisaria confessar isso para você: eu não acredito em relacionamentos a distância (virtuais). O que não quer dizer que eu não tenha tido tal experiência, ou não respeite quem assim viva, apenas não acho que funcione. Muito provavelmente esse seja o motivo de me ser tão interessante a teoria do Bauman. Nossa sociedade consumista e imediatista têm produzido cada vez mais pessoas (em sua maioria, jovens) aflitas por encontrar companhia, atenção e amor. A problemática se encontra na estrutura frágil que isso se dá.
Tudo se apoia no fim – conseguir “ter” alguém, e não no “construir” uma relação estável –, daí o meio acaba sendo o “cansar” desse alguém, saca? Isso tudo como se nós, pessoas, nos tornássemos parte do mercado, produtos a se obter/trocar.
“Tudo é temporário, a modernidade (…) – tal como os líquidos – caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma”. – Z. Bauman

"ás vezes eu acho que o significado de amor mudou com o tempo"
Posso estar dando a entender só o ponto de vista negativo (porém, realista) desse padrão de relacionamento, mas eu consigo compreender como fomos chegando até aqui. Viemos de um período de estabilidade social – chamado por Bauman de modernidade sólida – onde os valores se transformavam em ritmo lento e previsível, e tinha-se certa sensação de controle sobre o mundo – a natureza, tecnologia e a economia, por exemplo. Daí fomos alcançando a autonomia e liberdade (!) que possuímos hoje… E essa é, claramente, a grande vantagem. Vivemos, crescemos e amadurecemos ao longo do tempo e isso implica mudanças internas e externas, que muitas vezes envolvem afastamentos. Isso é normal. Conhecemos um cara/guria que nos encanta e, com sorte, se encanta de volta e dá-se início um relacionamento. Opa, legal. Mas, chega um dia que vocês podem se “desencantar” e aí cada umx segue seu caminho (não necessariamente em abismos de distância, ta?).
Ninguém entra num barco esperando que afunde, assim como ninguém quer morrer afogadx.
Aiai, falei um monte né? Desculpe por isso, mas foi legal, vai?! Não? Droga, mas tu sabe que é livre para comentar aí embaixo.
Eu poderia seguir nessa conversa por horas a fio, * risos * opa, me segura...
Então, já sabem: contem com a gente, nós contamos com você.
Com carinho,
Fabianna e Giovanna. :)
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